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Colônia: sinônimo de sofrimento e desumanidade

  • Foto do escritor: Stephanie Fazio
    Stephanie Fazio
  • 25 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 22 de nov. de 2023

A história do maior massacre brasileiro contada pelos sobreviventes



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site: Livraria Traça


Um lugar onde fome e a sede eram contínuas, a maior fonte de água dos pacientes eram os esgotos que cortavam os pavilhões. Muitos se alimentavam de ratos para sobreviverem. O hospital Colônia de Barbacena (MG), arrancou a humanidade dos indivíduos e até suas vidas.

O ambiente lembrava os campos de concentração nazistas. Muitos internos não tinham doenças mentais e eram levados para lá por não se encaixarem aos padrões da sociedade. Dormiam sobre colchões de palha e usavam uniformes conhecidos como “azulões”, mas ficavam nus quando os uniformes eram lavados, pois não tinham o que vestir. Os cabelos dos homens eram raspados e mulheres protegiam seus filhos passando fezes sobre a barriga. O livro “Holocausto Brasileiro” da jornalista Daniela Arbex, 44, da Tribuna de Minas, conta histórias do genocídio que o Colônia cometeu. Ela ganhou mais de 20 prêmios nacionais e internacionais. A obra revela que em 50 anos a instituição deixou 60 mil mortos, os pacientes não sucumbiam apenas de fome e doenças, mas também de frio. “[...] nas geladas noites da cidade serrana, eram enviados para os pátios, com as vestimentas molhadas, e ali largados para morrer”. Os cadáveres das vítimas eram vendidos para faculdades de medicina sem autorização dos familiares, mas esse não era o único meio de se livrar deles. “Quando os corpos começaram a não ter mais interesse para as faculdades de medicina, eles eram decompostos em ácido, na frente dos pacientes, dentro de tonéis que ficavam no pátio do Colônia. O objetivo era que as ossadas pudessem ser comercializadas”. O hospital sofreu denúncias por suas condições inadequadas, mas foram reprimidas pela ditadura militar. Apenas em 1980 a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) aprovou o projeto de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica. A instituição passou por mudanças, houve a regionalização da assistência, surgiu o atendimento ambulatorial e um dos prédios se tornou o “Museu da Loucura”. Em entrevista à UNIVESP, Daniela conta as dificuldades ao escrever sua primeira obra. “O estilo do livro é diferente, eu não sabia, aprendi fazendo, mas eu entendi que a linguagem não podia ser igual a de uma reportagem, [...] Até as pessoas que eu já tinha entrevistado fui conversar de novo para tirar mais detalhes”. Seu livro traz memórias pouco conhecidas, segundo a jornalista elas foram relatadas sob outro ponto de vista. “Essa história sempre ou das poucas vezes em que foi contada, foi pelo olhar dos jornalistas, ela foi pela primeira vez narrada pela boca das vítimas, que também nunca tinham sido procuradas”.


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